quinta-feira, 28 de junho de 2012

Horror Moments - Casa Assombrada IV


Ao fundo do caminho começou a ver uma claridade artificial, deviam ser os candeeiros do alpendre da mansão, com as forças renovadas correu pelo caminho estreito.
Quando teve os primeiros vislumbres do alpendre coberto de heras sentiu uma ligeira humidade nas faces, espantada passou a mão pelas bochechas e percebeu que estava a chorar. Derramava lágrimas de felicidade por estar de novo naquela casa, tinha sido aterrador estar perdida no meio do nada, e não se tinha esquecido que se não fosse pela estranha criatura que andava por ali, provavelmente ainda estaria caída de joelhos no bosque.

Apressou-se a entrar em casa, inspirou pesadamente preparando-se para o sermão dos pais, era normal que eles a repreendessem, tinha estado um dia inteiro fora de casa sem dar noticias. Olhou em volta à espera de ver uma aparato de pessoas nervosas, talvez a mãe estivesse a chorar enquanto o pai a confortava no seu abraço e murmurava palavras de carinho, mas não viu ninguém. Será que estavam todos reunidos na sala ou na cozinha? Em um grupo grande e esses eram os espaços que podiam suportar tanta gente.

Caminhou na direcção da cozinha, mas quando antes olhou para o quarto das crianças viu que estavam lá duas delas, a brincar com bonecas, como se nada se tivesse passado.
Depois de lhes perguntar onde estavam os seus pais, a menina de caracóis loiros com uns bonitos olhos azuis disse-lhe, que os adultos estavam todos no pátio de trás.

Quando lá chegou ficou suspensa pela cena à sua frente, os adultos, inclusive os seus pais, estavam sentados na mesa de jardim que ali havia. Em cima da mesa estavam bebidas coloridas com pequenas sombrinhas penduradas. As mulheres riam a bandeiras despregadas, fazendo com o que o som dos seus risos ecoasse pelo bosque inteiro, os homens discutiam afincadamente sobre desporto e entre pancadas na mesa e tons de voz exaltados, reparou que ninguém parecia ter sentido a sua falta, mais, ninguém tinha sequer reparado que ela passara o dia inteiro fora.

Aquilo devastou-a, mais do que saber que numa casa com tanta gente ninguém notava a sua presença, ou falta dela, corroeu-a por dentro saber que os seus pais se incluíam nesse grupo d pessoas que não se interessavam por ela. Tinha noção de que os seus pais não eram como os da Alice, uma das suas melhores amigas na escola, que a iam pôr e buscar à escola e que sempre que se despediam ou cumprimentavam lhe davam beijos ternos na testa ou abraços apertados.

Quando um dia fora à sua festa de aniversário, Alice tinha, além de todos os seus amigos e respectivos presentes, os seus pais a sorrirem enquanto cortavam fatias de bolo, tinha visto os olhares de amor que os pais trocavam com Alice, e tinha-a dilacerado perceber que nunca tivera nada parecido.

O seu pai era um cardiologista importante e o tempo que não estava fora de casa, passava-o ao telefone ou ao computador a trabalhar. A sua mãe não trabalhava mas, também quase nunca estava em casa, ou ia às compras com as amigas ou ao ginásio com as amigas, basicamente tudo o que ela fazia, era com as amigas.

 Por momentos tinha pensado que apesar de os pais não o demonstrarem, gostavam realmente dela, e apesar de não se ter perdido de propósito, esperava que estivessem preocupados com o seu desaparecimento. Sentia o peito tão apertado e os olhos começavam a arder com o esforço de reter as lágrimas de desgosto que agora queria libertar, virando-se para entrar em casa, correu em direcção ao seu quarto onde se atirou para cima da cama e enterrou o rosto na almofada.

 Aí soluçou durante horas, e quando se acalmou levantou-se para trocar de fronha, pois tinha deixado a sua encharcada. Enquanto enfiava a almofada na nova fronha verde, começou a pensar, se eles não se preocupavam com ela, qual era o problema de se arriscar numa ida à cave?

Ainda se lembrava da única frase que a sua mãe lhe tinha dirigido desde que chegara aquela mansão: " Está terminantemente proibida de entrar na cave, é um sítio onde só os adultos podem entrar. Entendido? " - Na altura não tinha qualquer intenção de transgredir as regras, mas agora já não se importava com o que estava certo ou errado, tinha a certeza que a forma como os pais a faziam sentir não era certa, e ninguém dizia nada sobre isso.

Dirigiu-se à casa de banho para limpar os olhos e lavar a cara, estava na hora de ir à cave e conhecer o que é que esta casa escondia de tão impressionante.
Com passos firmes, saiu da casa de banho, virou à esquerda e percorreu esse corredor até ao fim, parou e olhou para a porta à sua frente. Era de madeira escura e outrora tinha estado pintada de branco, agora só se viam lascas de tinta branca e a madeira que espreitava estava apodrecida, o puxador estava acinzentado deixando ver alguns toques d seu anterior tom, doirado.

Até àquele momento não tinha percebido que tinha sustido a respiração e deixou o ar sair com força dos seus pulmões, fechou os olhos estendeu a mão e girou o puxador da porta, com um pequeno passo tinha entrado na cave...






10 comentários:

Carla disse...

Alguém vai ser presa... fiu fiu

Sufocada disse...

Ahah e ela a dar-lhe no encarceramento da miuda! Credo :P

Carla disse...

Será que ela é uma pequena puk? muaahhhahh

Sufocada disse...

I guess she is :P
ahah

POC disse...

Isto é uma novela: quando começa a excitação, acaba o episódio.

Sufocada disse...

É a minha ferramenta para vos manter interessados muhahah!

Anónimo disse...

Uhuh quero mais xD

Sufocada disse...

Na, vai acabar assim... no eterno suspense do que poderia ter acontecido naquela cave!

Ahah, estou a reinar :)

Xs disse...

E estás a manter-nos interessados!
E em extase!!
Vê lá o que fazes/escreves a seguir.... ;)

Sufocada disse...

A seguir tenho muita pressão :P
Vou pensar eheh!