sexta-feira, 24 de agosto de 2012

2 pontos, 41548 problemas...

2º ponto, Mortes:

Mais especificamente, falar de: como se quer morrer, onde, porque, de que maneira se quer ser enterrado ou o facto de preferir ser cremado...
Detesto este tipo de conversas com a minha família.

Vejamos, às vezes, na brincadeira faz-se um pouco de troça do assunto, algo que acho perfeitamente normal, porque se não se brincar um pouco com coisas menos boas andamos todos de trombas e sem graça nenhuma...
Mas isso é às vezes!

O problema está, quando na minha família se começa com esse assunto. Não é que a morte e tudo o que ela pode representar, não afecte os meus parentes, eles não são propriamente insensíveis. Aliás, é capaz de os afectar mais a eles do que a mim.
Mas desde que me lembro de como se escreve o meu nome que oiço:

- O avô paterno a dizer que vive até aos 120 anos, com saúde, e que só morre porque se farta do mundo.
- O avô materno a dizer, todos os anos, que daqui a 2/3 anos vai morrer, e já cá não está e começa a falar de heranças e dividas.
- A avó materna a dizer que dura o que tiver que durar desde que seja com saúde, senão prefere morrer.
- A mãe que diz que quer ser cremada, porque pode estar simplesmente a hibernar e nós pensamos que está morta. E depois é enterrada viva.

por fim temos o primor...

- O pai que, numa primeira instância, diz ser imortal. Depois essa conversa esmorece e começa por dizer que "cremado, nunca" porque ao contrário da minha mãe, prefere ser enterrado, mesmo que vivo. As condições do enterro são: de pé, sim leram bem, ele diz que quer ser enterrado de pé para poder ser mais fácil chegar à superfície. Com uma palhinha (até à superfície), para respirar enquanto escava a saída e por fim, mas não menos importante, com um telemóvel colado ao ombro, com o número da policia em marcação rápida, para, caso tenha rede, poder avisar as autoridades de que as filhas/mulher o enterram vivo.

Agora imaginem ouvir estes tesouros, estas almas atormentadas, há pelo menos 15 anos a dizer isto (eu não me lembro dos meus primeiros 5,5 anos de vida). Não fossem eles a minha familia e bem que podiam falar para as paredes.
Ainda eu me pergunto onde é que vou buscar a minha lucidez...

4 comentários:

Carla disse...

Desculpa a insensibilidade, querida, mas as preferências do teu pai fizeram-me rir a bom rir!

Sufocada disse...

Ah não, mas ri-te!
Porque é o que eu faço, senão choro :)
O meu pai é um personagem daqueles...

Xs disse...

Mas tu ouves-los?
Eu dava meia volta e sim... que falassem para as paredes!
lol

Unknown disse...

As famílias são um máximo!
Quando volto a Portugal é como ir a um espectáculo surreal que dura uma semana e no qual tenho privilégio de participar.
Na verdade sempre foi assim (há uma razão para ser como sou) mas desde que estou fora, parece que eles reservam energia de meses para descarregar quando chegou. Na altura é um tormento, mas depois contado até tem a sua piada.